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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

A classe méRdia não gosta de escracho. Ou: não incomodem o general

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O Brasil de Lula e Olavo de Carvalho criou uma figura absolutamente paradoxal e que a história, a sociologia, a ciência política e nem mesmo a antropologia conseguiram ainda definir: o jovem conservador. Botar Lula e Olavo de Carvalho na mesma frase parece tão estranho como a expressão jovem conservador, já que os pares de conceitos são absolutamente antagônicos entre si. Acontece que o tempo de governo central do PT, que inclui os dois mandatos de Lula e o mandato e meio de Dilma, meio que entortou a cabeça de certa juventude das classes médias e altas, que, instruída pelo subdimensionado Olavo de Carvalho, se viu impelida a se posicionar contra um governo de (muito ao centro) esquerda. É próprio da juventude ser do contra, ser revolucionária, e por isso é chocante a imagem do jovem conservador, mas num contexto político em que um partido com raízes na esquerda emplaca três mandatos e meio as coisas começam a se explicar melhor. Contra quem a juventude iria direcionar as suas baterias...

Pequenos homens, grandes golpes

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  Escrevendo no calor dos acontecimentos, Karl Marx fez o registro do golpe de Luís Bonaparte, que adotou o nome Napoleão III em homenagem ao seu tio, que alguns anos antes também havia perpetrado um golpe, pondo fim à Revolução Francesa.  Marx, como se sabe, foi leitor e crítico de outro filósofo alemão, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, e complementou um dos pensamentos fundamentais do seu conterrâneo justamente no "18 do Brumário de Luís Bonaparte". Hegel havia dito que "todos os grandes fatos e personagens da história universal  aparecem como que duas vezes", ao que Marx acrescentou: "da primeira como tragédia e depois como farsa".  Pensando sobre a história do Brasil desde que os portugueses nos "descobriram", vemos que o velho Marx estava certo. A história deste país tropical, em que se plantando tudo dá, é construída sobre golpes, a começar pelo próprio "descobrimento", que nos fez acreditar, e a muitos ainda hoje, que a frota cabra...

O futebol apresenta um novo indexador econômico: o latão. Ou: Do Corote à Chandon, a trajetória de uma traição.¹

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  Embora eu seja um apaixonado torcedor do Inter, o futebol raramente aparece por aqui, e como tema principal acho que nunca esteve. Minhas ideias sobre futebol estão em outro lugar:  https://interdetodos.blogspot.com/ . Abro uma exceção porque o tema transcende o mundo da bola. Fui conselheiro do Inter por cerca de 10 anos, eleito com muito orgulho pelo movimento O Povo do Clube, do qual já não fazia mais parte quando encerrei a minha participação efetiva na política do Inter. Junto com algumas companheiras e alguns companheiros de grande valor, pessoas que, algumas delas, se tornaram grandes amigas minhas, ajudei a fazer história no Inter e no futebol de modo geral. Subvertemos velhas fórmulas de poder e criamos paradigmas que ainda entortam muitas cabeças conservadoras no ambiente político do futebol.  Hoje assisto, com um misto de tristeza e revolta, a capitulação do grupo politico mais PHoDa da história do país do futebol, comparável no Brasil apenas à Democracia Cor...

Tá cada vez mais UP no high society¹

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  Em 1980 os milicos já estavam em processo avançado de convencimento que o regime já tinha dado o que tinha pra dar. Sim, claro, a história não é simples assim, o facínora morto, Sylvio Frota, e o facínora vivo, Augusto Heleno, sabem bem disso. (A propósito, por onde anda Heleno?) Mas o fato é que naquele fim da década mais pesada da linha dura já havia uma transição para a "redemocratização" do país. (Aspas!) Elis Regina já era consagrada como uma cantora genial, a maior de todas, dizem, e conhecida por interpretar canções de resistência da forma mais linda que alguém poderia fazer isso - e também conhecida por cantar o hino nacional na olimpíada do exército, numa história de injustiça que fez até o Henfil se atrapalhar. Ela resolveu pedir pra Rita Lee e o seu novo parceiro e marido, Roberto de Carvalho, uma música, porque queria gravar alguma coisa diferente do seu repertório mais tradicional. O que Elis não sabia... - mentira! sabia sim - é que a Titia era debochada de na...