Guantanamera: ou a cadela do fascismo...



 La catapulta


En 1933, Adolfo Hitler fue nombrado canciller de Alemania. Poco después, celebró un  acto inmenso, como correspondía al nuevo dueño y señor de la nación.

Modestamente gritó:

- ¡Yo estoy fundando la Era de la Verdad! ¡Despierta, Alemania! ¡Despierta!

y los cohetes, los fuegos artificiales, las campanas de las iglesias, los cánticos y las

 ovaciones multiplicaron los ecos. 

Cinco años antes, el partido nazi había obtenido menos del tres por ciento de los votos.

El salto olímpico de Hitler hacia la cumbre fue tan espectacular como la simultánea caída  hacia el abismo de los salarios, los empleos, la moneda y todo lo demás.

Alemania, enloquecida por el derrumbamiento general, desató la cacería contra los  culpables: los judíos, los rojos, los homosexuales, los gitanos, los débiles mentales y los que tenían la manía de pensar demasiado.


O texto aí de cima está no livro "Los hijos de los días", de Eduardo Galeano, na crônica do dia 30 de janeiro. Um dia antes deste triste e trágico episódio da história da humanidade completar 92 anos, Donald Trump anuncia a decisão de transformar a base militar que os EUA mantêm em Cuba num campo de concentração para os inimigos do Novo Reich: os imigrantes. 

Vale recuperar rapidamente a história da base de Guantânamo. Trata-se de uma base naval alugada pelo governo de Cuba aos EUA em 1903, num acordo firmado entre Theodore Roosevelt e Tomás Estrada Palma. Depois dos ataques às torres gêmeas em 2001, George W. Bush transformou Guantânamo em prisão para terroristas. Não é preciso dizer que o conceito de terrorista para os governos estadunidenses é bastante amplo e, digamos, flexível. A despeito de qualquer norma de direito internacional, terrorista, frente ao império do Tio Sam, é quem eles decidem que é. Simples assim. Nelson Mandela, por exemplo, esteve no topo da lista durante muito tempo. 

Mais importante do que resgatar a história de Guantânamo é lembrar que Barack Obama, primeiro e único presidente de ascendência africana - e ainda por cima com nome árabe - dos EUA prometeu em campanha para a presidência desativar a base militar. Situado exatamente no meio de dois governos neofascistas (Bush e Trump), Obama está para os EUA e para o mundo da época como Lula está para o Brasil em 2022: um sopro democrático diante de uma escalada autoritária e violenta da extrema direita. E assim como Lula, Obama por melhor intencionado que fosse, se viu diante da necessidade política de ceder espaço para acordos e políticas contrárias ao que o povo esperava que fizesse. 

Essa é parte da verdade, mas, não nos iludamos, o que difere o Partido Democrata, de Obama, e o Partido Republicano, de Trump e Bush, está situado muito mais no campo do discurso do que da prática política. No que diz respeito à política internacional e a condição de subserviência que os governos estadunidenses entendem deve pautar a relação com os outros países do mundo, sem exceção, nada muda. Em resumo, nunca houve governo menos à direita nos EUA. Na melhor das hipóteses, e Obama pode ser um exemplo, houve governos com políticas menos fascistas. 

Deslocando o eixo de visão para o Brasil, temos um governo cada vez mais emparedado pelo mercado, que nomeia um presidente para o Banco Central que não só mantém as políticas do antecessor, como aumenta a taxa de juros; governo que também está dia após dia mais refém de um Congresso corrupto, cuja Câmara passará a ser comandada por um presidente que é discípulo de Eduardo Cunha, o homem que derrubou Dilma Rousseff, e um Senado chefiado por um sujeito chamado Davi Alcolumbre, cujas credenciais eu deixo que os leitores e as leitoras pesquisem. Sobre o ministério de Lula, talvez seja melhor nem comentar, afinal depressão já no segundo mês do ano não é recomendável. 

Tudo isso mostra que alguns postulados da dupla Marx/Engels precisam ser revistos. A história se repete, é verdade, mas depois da primeira, vem inúmeras vezes como farsa, mas também como tragédia que supera as anteriores. 

*Imagem de destaque: https://iclnoticias.com.br/nao-gestos-inflamados-mobilizacao-pesquisador/. Acesso em 31/1/2025.

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