25 dias depois há 50 anos
Há 25 dias o presidente Lula resolveu que ninguém mais pode falar no Golpe de 1º de Abril. Se pensarmos nisso a partir da perspectiva que Lula mantém no seu ministério bolsonaristas empedernidos, como o ministro da defesa, que considera o golpista um grande homem democrático, as coisas começam a fazer algum sentido. Sentido que se reforça com o entendimento do herói nacional das forças progressistas brasileiras, Alexandre de Moraes, sobre a hospedagem de Bolsonaro na embaixada da Hungria em fevereiro. Xandão seguiu a orientação do sucessor de Aras na PGR e achou a coisa mais normal do mundo o genocida ir descansar uns dias na casa brasileira do amigo Viktor Orbán. Era carnaval, enfim... Pensemos ainda nas homenagens que o Superior Tribunal Militar (STM) resolveu prestar a algumas pessoas que andam “prestando reconhecidos serviços ou demonstrando excepcional apreço à Justiça Militar". Alguém poderá se perguntar o que Silas Malafaia e Guilherme Fiúza fizeram pelo bem da JM nos últimos tempos. Talvez seja interessante também pensar em por que existe a tal Justiça Militar. Pensando bem, talvez não seja prudente fazer esse tipo de questionamento. Milicos e escorpiões...
Nesse contexto, vamos pensar um pouco sobre os argentinos, com quem nós brasileiros (alguns) temos rivalidades históricas. O desgoverno ultradireitista de Javier Milei não está agradando muito. E lá, quando o desgoverno não agrada muito, o povo vai às ruas. Há quanto tempo o povo brasileiro não vai às ruas? Ah, claro, o governo aqui está uma maravilha. (Está?) Exceto para algumas poucas pessoas, que foram à praia no domingo. E não era a ponta da praia, tão cara aos bolsonaros. Era pouca gente. (Será?)
E com isso chegamos à efeméride do dia. Há 50 anos os militares (opa, quem??) portugueses acabaram com a sanguinária ditadura salazarista na terrinha. O povo botou flores nos canos das armas dos milicos e por isso o movimento entrou pra história conhecido como a Revolução dos Cravos. Dada a relação do Brasil com Portugal, não seria o caso de termos por aqui algum ato oficial em homenagem à Revolução d'além mar? Ou será que o exquerdista, ops... o esquerdista Lula quer apagar da memória também esse momento histórico? Assim como chefe da marinha lulista quer apagar o Almirante Negro da história.
Daqui a poucos meses teremos as eleições municipais, que, infelizmente, não têm o mesmo glamour das eleições nacionais. Infelizmente porque o resultado dos pleitos municipais antecipa com muita segurança o que vai acontecer nacionalmente em dois anos. E a extrema direita vai varrer as prefeituras e as câmaras municipais. E os milicos brasileiros, na esteira do empoderamento que o "direitista moderado" Tarcísio de Freitas vem concedendo a eles em São Paulo, vêm e vêm com tudo.
Enquanto as instituições republicanas (são mesmo?) têm a sua ação pautada pelos "momentos políticos", mandando pro espaço a clássica divisão tripartite do poder, Jair Bolsonaro e seus asseclas seguem dando as cartas, Augusto Heleno e Braga Neto partem para um autoexílio com toda tranquilidade, a mesma tranquilidade com que Eduardo Cunha começa a fazer o caminho inverso, Lira segue emparedando o governo e Lula segue articulando.
Os portugueses inventaram o braZil. Pena que deles temos o hábito de só contar piadas.
VIVA A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS!
*Imagem de destaque editada pelo autor a partir de imagens publicadas em https://tribunadaimprensalivre.com/50-anos-da-revolucao-dos-cravos-por-sergio-vieira/ e https://iclnoticias.com.br/ministros-do-stm-homenageiam-bolsonaristas/?utm_source=onesignal. Acesso em 25/4/2024.
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