Deu no New York Times...
O bolsonarismo transformou o Brasil numa grande feira de acari, onde, dizem, se acha de tudo e é, como diz Jorge Benjor, um sucesso e um mistério. A cada dia um novo fato escabroso ganha as manchetes. O maior escândalo do país da última semana atualmente é a tentativa de fuga de Jair Bolsonaro na embaixada húngara, em pleno carnaval e logo após ter convocado as hostes para as ruas. Já superou a prisão dos brazões da república, que já tinha superado a prisão do Mauro Cid, que por sua vez já tinha ocupado a vaga do indiciamento do próprio Bolsonaro na ordem do dia, e por aí vai, numa sucessão vertiginosa de notícias que criam bombas de fumaça e embaçam os olhares mais atentos.
Uma boa linha para investigar antes que esse caso vire jornal de enrolar peixe, é o motivo do assunto ter vindo à tona por uma matéria do maior jornal do hemisfério norte do continente americano. Primeiro é preciso que se diga que Joe Biden está para os EE.UU. como Lula está para o Brasil, por mais absurda que pareça essa analogia. É óbvio que não estou comparando as pessoas e muito menos os pensamentos políticos. Me refiro ao fato de que Biden era a tábua de esperança para frear o nazi-fascismo trumpista, como Lula era o único que poderia barrar a versão braZileira do projeto da extrema direita. Mas assim como o governo Lula não tem sequer lampejos de uma plataforma comunista, o Partido Democrata ianque também não é a antítese dos republicanos. Na melhor das hipóteses, e dito de forma apenas ilustrativa em contraponto ao fascismo trumpista, é uma direita "moderada". Na melhor das hipóteses! E digo isso sem esquecer que o democrata Barack Hussein Obama não cumpriu a promessa de desativar a base de Guantánamo.
No momento em que o horror da volta de Trump se consolida de forma absoluta, que coincide com o aumento dos tons de crítica do próprio povo estadunidense ao apoio dado ao genocídio sofrido pelos palestinos e com a reescalada da extrema direita na Europa, o navegador dos democratas precisou recalcular a rota. Biden e e seus parceiros sabem que o bolsonarismo é muito maior do que Jair Bolsonaro, mas o Messias ainda é uma grande referência desse campo político imbecilizado. Assim, uma boa medida é minar o mito braZileiro, que foi pedir arrego na Hungria, governada por Viktor Orbán, que, como se sabe, toma chá (ou vodka) com Vladimir Putin.
Nesse faroeste não há mocinho e o New York Times está pouco se lixando para o que vai acontecer com Bolsonaro, desde que ele possa ser neutralizado como uma referência trumpista no sul da América.
*Imagem de destaque: https://www.msnbc.com/opinion/trump-s-impact-brazil-s-bolsonaro-bodes-poorly-democracy-n1283840. Acesso em 26/3/2024.
Comentários
Postar um comentário
Críticas, contrapontos, opiniões divergentes, debates etc. serão sempre bem-vindas. A pré-análise será feita apenas em face de questões éticas e legais.