Música para a família
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O assunto do momento é Gustavo Lima, ou melhor, GusTTavo Lima e a turma do... "sertanejo" cantando para o Messias. Qual a novidade? Sem meias palavras, o "gênero" de Bruno e Marrone, Zezé Di Camargo e outros barões é lixo musical e, dado o alcance que tem e a indústria que movimenta, lixo cultural. Sim, há nesse meio gente como Sérgio Reis e alguns outros que em algum momento fizeram música com relativa qualidade, mas esses trocaram uma carreira digna pela ideologia agroindustrial. Mas, enfim, é preciso fazer algumas concessões, não é fácil ficar tanto tempo no hit parede da maior rede midiática do país. O agro é pop! Qual a novidade? As plataformas de extrema-direita, como o bolsonarismo, que, não nos enganemos, é apoiada pela Globo, sempre teve uma profícua relação com o lixo cultural.
O debate em torno de Gusttavo Lima e suas produções milionárias pagas com dinheiro público, trouxe à circulação um vídeo em que Lulu Santos desanca o pau no apoio do mainstream sertanejo à eleição e ao governo Collor. A declaração é da época do impeachment do caçador de marajás e foi dada em rede nacional e horário nobre, no programa do Faustão. Além do aspecto político, Lulu define o que é o "sertanejo" (sempre entre aspas): lixo. Uma vez mais, não nos enganemos, naquele momento a Globo já havia se arrependido de eleger Fernando, o Belo, e a sua queda já estava anunciada. Em outro momento, Lulu Santos, que, a bem da verdade, sempre foi um dos queridinhos da grande rede, não teria essa liberdade. Liberdade vigiada.
A questão aqui é saber se essa picaretagem vai ser investigada. Eu respondo: é possível, até provável. Mas com seriedade? Pergunta retórica, claro. Jair Bolsonaro mantém advocacia de luxo na PGR. Talvez um que outro processo, naquilo que não traga problemas maiores à famiglia, chegue à Justiça como denúncia, onde sem nenhuma dúvida os neocomunistas do judiciário vão:
( ) processar e condenar.
( ) processar e absolver por falta de provas.
( ) fazer um circo midático, ganhar algumas horas de horário nobre no noticiário e encaminhar para a pizzaria.
É mais do que passada a hora de desistir de esperar algo das instituições (bem pouco) republicanas. Elas sucumbiram e só encontram ânimo para produzir notas, cartas abertas, moções de repúdio e investigações que partem de lugares bem definidos, com provas robustas, para usar o jargão jurídico, e chegam a lugar nenhum. A CPI(zza) de Omar, Renan e Randolfe ia prender e arrebentar. Acabou se esvaindo, como também acabam se esvaindo todas as ações contra qualquer membro da família bolsonaro ou amigos próximos.
Nesse quadro de falência das instituições, a luta contra o bolsonarismo tem duas fases: a da rua e a da urna. Rua é palavra que tem sentido denotativo e conotativo. Um é de rua mesmo, de chão, de manifestação, de caminhada, de protesto, de comício, de aglomeração (bora aglomerar em causa nobre?); o outro é da rede social, do podcast, do canal no youtube, do vídeo no tik tok e tudo mais que o mundo virtual nos proporciona.
Os artífices que trabalham nos esgostos bolsonaristas sacaram o poder das ruas já há algum tempo. Tanto o poder das ruas de verdade, que a direita vem ocupando desde pelo menos 2013, quanto o poder da rua virtual, que ela manipula com extrema maestria desde que os sucessivos governos petistas deram vez a uma excrescência dos tempos modernos: a juventude conservadora. Nessa modernidade cada vez mais liquefeita, uma tarefa inadiável das forças de resistência é parar de consumir e propagar o lixo cultural que orbita em torno do bolsonarismo. Gusttavos Lima da vida só devem ser assunto quando se tratar de denunciar amplamente o seu envolvimento com a máquina nazifascista e o seu comprometimento com a manutenção do sistema. Assim como as bombas de fumaça bolsonaristas, que se revezam na atenção do povo, devem ser analisadas nos seus devidos contextos. Não podemos mais dar palco para as mentiras de Flávio Bolsonaro ao dizer que o dinheiro da sua casa milionária veio dos honorários recebidos pelo exercício da advocacia, a não ser para exigir que filho número um apresente a declaração desses rendimentos à Receita Federal, como todo trabalhador e toda a trabalhadora brasileira, como vem falando o Professor João Cezar de Castro Rocha.
E devemos com urgência dar nome aos bois. Chega de mentira, chega notícas falsas, chega de eufemismos!
Corrupção é corrupção, não é rachadinha!
Roubalheira é roubalheira, não é incentivo cultural!
Lixo cultural é lixo, não é "sertanejo"!
A hora é agora!
Ou damos um basta ao espetáculo tétrico do gran circo nazifascista, que apresenta o bolsonarismo como a atração do momento no picadeiro, e isso passa necessariamente pela desconstrução do discurso, ou seguiremos a marcha rumo ao abismo, embalada pela horrenda trilha do neo"sertanejo".
Eu o acuso de calar o grito.
Eu acuso!
Imagem de destaque copiada de: https://www.noticiaparaiba.com.br/noticia/4432/bolsonaro-e-presenteado-com-violao-autografado-por-sertanejos-e-faz-gesto-de-arma. Acesso em: 8 de jun 2022.
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