O Ximarrão Alucinógeno

  Em uma das cenas mais icônicas da história do cinema, um produtor de Hollywood acorda com a cabeça do seu cavalo puro sangue ao seu lado na cama. Era um recado da máfia. O filme é O Poderoso Chefão, clássico absoluto. (Em que pese a polêmica que dura mais de meio século, o cavalo não foi morto especialmente para a filmagem.) Como de resto todo o filme, a cena retrata uma prática conhecida das instituições mafiosas, que costumam mandar avisos para alertar as pessoas sobre com quem estão metidas e o que devem fazer ou evitar fazer.  O ICL - Instituto Conhecimento Liberta, abriu uma campanha forte de denúncias sobre as casas de apostas (bets¹), que esta semana se estendeu também a uma empresa que atua em outro ramo, a Fatal Models. Pois esta empresa, que explora o mercado do sexo pago, também conhecido como prostituição, publicou ontem uma nota/vídeo de desagravo com recortes descontextualizados e mentirosos de falas do Eduardo Moreira, diretor do ICL. Pois agora, hoje, quinta...

  Carlos, um brasileiro, começou a trabalhar muito jovem nos negócios da família, que, por amor à pátria, atua no ramo da política há algumas décadas. Família muito unida, trata os filhos por apelidos carinhosos, assim, Carlos é conhecido no seio familiar como o Filho Zero Dois e, mais na intimidade, é tratado por Carluxo. Acompanhemos a história de Carlos. Aos 17 anos, Carlos foi emancipado para poder assumir a parte que lhe competia na empresa familiar, que, como se disse, opera no mercado da política em benefício da nação. O reconhecimento popular pela abnegação e pelo desprendimento de em tão tenra idade abrir mão dos próprios sonhos para trabalhar pelo país veio com 16.053 votos na eleição municipal de 2000¹, o que transformou o jovem Carluxo no vereador mais jovem do país, marcando o início de uma carreira de muito sucesso na Câmara Municipal da Cidade Maravilhosa. Infelizmente, anos depois, essa decisão acabaria por transformá-lo em mais uma vítima da violência estrutural qu...

  "Dormia a nossa pátria, mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações"                                                       O Brasil é um país diferentão. E isso tem reflexos até mesmo na maneira como falamos. Por exemplo: quando uma pessoa diz "pois não" após uma solicitação, quer dizer que ela vai atender o pedido, mas quando ela diz "pois sim!", com uma entonação mais pesada, quer dizer não só que não vai fazer como ainda deixa implícito que achou o pedido um absurdo. Dá pra trazer muitos outros exemplos e talvez um dos mais clássicos seja que aqui se calça bota e se veste calça.  Esses fenômenos linguísticos, absolutamente naturais, diga-se de passagem, têm suas repercussões no jargão político também. Vejamos a palavra ANISTIA. Nos países em que o conceito de democracia não é distorcido, a concessão de a...